terça-feira, 26 de junho de 2012

ASSASSINATO


Veio vindo, veio vindo... e pousou no nariz do meu avô.
Fiquei desesperado:
– Vô, tem uma mosca no seu nariz!
Vô não se mexeu: tinha acabado de me contar uma história, e agora cochilava na cadeira de balanço...
– Vô! Vô!
Corri lá na cozinha:
– Mãe, tem uma mosca no nariz do vô e ele não acorda!
Mãe saiu em disparada, e eu atrás...
Tarde demais!
Devia ter escorraçado logo aquela mosca do cão.
Enquanto eu fui chamar mãe, ela aproveitou e matou o meu avô.
Depois se escafedeu pro quinto dos infernos.


segunda-feira, 11 de junho de 2012

ABOLECIDA




em leveza e graça,
assemelha-se à bolha
de sabão

mas nada frágil,
arremessada por pé
           hábil,
fura o ar,
engana o guarda-redes
e enlouquece a plateia

os gritos enfurecem
dona Carlota,
                 a velhota
                 rançosa
                 que mora
 – por trás –
                    do estádio

para ela, aquilo tudo
é mesmo uma bolha:
vazia ( 
                  ) vazia

... como se ela,
                     a bol(h)a
         (não
    a velhota!)
               fosse vazia
vaziavaziavaziavaziaaa





A CAMINHO




agachando-se (exultante),
tomou a pedra entre as mãos
o solitário viajante;

sem examiná-la (nem cheirá-la),
em seu alforje,
resolveu guardá-la;

o homem sabia
(não de outro jeito,
mas através da poesia!)

que aquela pedra (estorvamente)
não era
uma pedra simplesmente...

mas naquele momento
 (ai!),
 o seu pensamento

estava era em fazer a tal sopa
(por isso a viagem prosseguiu
de vento em popa!)


terça-feira, 5 de junho de 2012

E SE...



"E se o orgasmo durasse cinco minutos?", perguntou ela.
A resposta veio após uma longa pausa:
"Não sei... Acho que eu morreria!"