quarta-feira, 28 de março de 2012

LEVADA ALMA




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caminhou sereno
sob a forte chuva
que principiava a cair;

teve tempo de sobra
de atravessar a rua
– alguns metros, apenas! –
e desfrutar
da impermeabilidade do lar...

mas preferiu a marquise.



segunda-feira, 26 de março de 2012

CORTINA


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anoiteceu
tão depressa,
mas tão depressa mesmo,
que nem deu tempo
de os olhos dos homens
irem se acostumando
ao escuro...

morrer deve ser assim.


domingo, 25 de março de 2012

VENENO INÚTIL



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feito cobra,
cujo destino é rastejar pelo chão,
ela se enrodilhava
aos pés do ente amado,
e este bem que gostava,
sorrindo envaidecido,
convicto
de que era mesmo belo
e inatingível...

segunda-feira, 19 de março de 2012

COMER COMER


    
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   queria dormir,
descansar do dia atribulado,
mas as palavras
– chovendo sem parar –
   mantinham-no debruçado
sobre
a noite,
      sob       
si,
 sobre
 o papel
   que rapidamente se tingia...

era uma fome louca, sem fim:
essa fome canina
 chamada poesia!

terça-feira, 6 de março de 2012

O VISITANTE


      
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        Ele – o meu visitante – chega em silêncio. Eu nunca ouço o som dos seus passos entrando, até que uma onda de perfume me coloca em alerta. E aí meu coração dispara...
            (Curioso: faz meses que a gente se encontra – sempre nas terças, às dez para a meia-noite – mas, para mim, é como se ainda fosse a primeira vez. Seria isso o quê? Apenas um desejo proibido... e incontrolável?)
            Então, como eu ia dizendo, de repente ele irrompe no quarto. Ambos sorrimos, e ele vem sentar-se ao meu lado na cama. Me beija na boca –  um beijo faminto e nada comportado.
            “Tudo bem com você?”, pergunta ele, em seguida.
            “Comigo tudo ótimo, e você?”
            Ele me beija de novo, enquanto me joga na cama com a fúria de um touro. Eu já sinto o seu membro rijo me espetando as coxas nuas – pois é assim mesmo que o espero: nua em pelo, somente os cabelos caindo sobre os meus seios, nada mais...
            Finalmente livre de suas roupas – exceto a gravata –, ele entra em mim. No princípio devagar, depois de uma forma tão intensa que não poucas vezes minha cama veio a abaixo.
Gozamos juntos, eu e ele. Ele afaga meu rosto, me cobre de beijinhos carinhosos, sorri e vai embora.
“Até terça!”, diz ele, fechando a porta do quarto.
Eu respondo:
“Até, meu querido...”
É, mas eu preciso tomar precaução com isso... Semana passada, ao me despedir, eu quase digo:
 “Até... Até terça, meu amor!...”