sexta-feira, 3 de junho de 2011

O VISITANTE

                 
           Ele – o meu visitante – chega em silêncio. Eu nunca ouço o som dos seus passos entrando, até que uma onda de perfume me coloca em alerta. E aí meu coração dispara...
           (Curioso: faz meses que a gente se encontra – sempre nas terças, às dez para a meia-noite – mas, para mim, é como se fosse ainda a primeira vez. Seria isso o quê? Apenas um desejo proibido... e incontrolável?)
       Então, de repente, ele irrompe no quarto. Ambos sorrimos, e ele vem sentar-se ao meu lado na cama. Me beija na boca, um beijo faminto e nada comportado.
                “Tudo bem com você?”, pergunta ele em seguida.
                “Comigo tudo ótimo, e você?”
                Ele me beija de novo, enquanto me joga na cama com a fúria de um touro. Eu já sinto o seu membro rijo me espetando as coxas nuas – pois é assim mesmo que o espero: nua em pelo, somente os cabelos caindo sobre os meus seios, nada mais.
               Finalmente livre de suas roupas – exceto a gravata –, ele entra em mim. No princípio devagar, depois de uma forma tão intensa que não poucas vezes minha cama veio a abaixo.
  Gozamos juntos, eu e ele. Ele afaga meu rosto, me cobre de beijinhos carinhosos, sorri e vai embora.
   “Até terça”, diz ele fechando a porta do quarto.
  Eu respondo:
  “Até, meu querido...”
  É, mas eu preciso tomar precaução com isso... Semana passada, ao me despedir, eu quase digo:
 “Até... Até terça, meu amor!...” 

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