terça-feira, 5 de abril de 2011

GUARDA-CHUVA



Meu gato tem um medo pra lá de esquisito. É avistar um guarda-chuva preto fechado e ele nem liga; mas se o guarda-chuva estiver aberto, meu Deus!, o bichano eriça o pelo e sai correndo em fuga desesperada...
Criei meu gato desde novinho e, que eu me lembre, aqui em casa ele não teve nenhuma experiência traumática com guarda-chuvas. Então, como explicar esse medo absurdo?
Contei isso pra minha melhor amiga e ela disse:
“Guarda-chuva preto se parece com morcego, não parece? Vai ver, Leo, o teu gato tem medo de morcegos e acha que guarda-chuva é um morcegão!”
Achei que Vera estivesse me zoando, mas bem que ela poderia ter razão. Um fim de tarde, levei Rico pro quintal. No céu, competindo com as primeiras estrelas, os morcegos esvoaçavam pra lá e pra cá. Alguns voavam tão baixo que, por pouco, um não me acerta a cara...
Soltei Rico bem no meio do quintal. Foi se ver livre e o danado começou a brincar com os morcegos. Ficava entocado e, quando um incauto se aventurava num voo rasante, ele dava um salto espetacular e quase capturava o bicho, que saía doido rumo às alturas.
Sorri e voltei pra dentro de casa. Estava no telefone contando pra minha amiga o que acabara de descobrir, quando o gato entrou na sala carregando um morcego na boca. O meu susto foi tão grande que deixei cair o telefone no sofá...
Vociferei:
“Sai daqui, Rico, leva essa porcaria lá pra fora, já!”
Como se fosse de propósito, o gato soltou o morcego bem na minha frente e, com toda a tranquilidade do mundo, foi na direção da cozinha...
Eu peguei o telefone. Do outro lado, Vera, aflita, perguntava o que estava acontecendo. Eu relatei o ocorrido e damos boas gargalhadas juntos.
Desliguei e corri à cozinha pra pegar a pá de lixo pra recolher o morcego. Rico bebia o leite dele tranquilamente. Brinquei com ele:
“Daqui a pouco vou te mostrar o guarda-chuva pra você pagar o susto que me deu, viu, seu malvadinho?”
Quando voltei à sala, nem sinal do morcego!...
Fui ver atrás do sofá, e mal o puxei, o diacho saiu voando lá de trás e passou raspando na minha orelha, sumindo porta afora...
“Está decidido, pronto!”, pensei. “O Rico vai ter o seu guarda-chuva hoje!”
E, com o coração ainda acelerado, tratei de pôr em prática minha pequena vingança...

            

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