quinta-feira, 22 de abril de 2010

UM BIQUÍNI SELVAGEM

Cutuca o outro:
– Olha...
– O quê?
– Ali...
– Ah...!
A mulher vem se aproximando. Gorda e desengonçada, o biquíni ameaça rebentar a qualquer momento...
– Ei, gostosona!
É um murmúrio, apenas; mas a mulher ouve:
– Qual é?
– Hã?
– Perguntei qual é.
– Nada não, dona; tava aqui falando com o meu amigo...
– Falando de mim!
– Que é isso, dona. A gente não tava falando da senhora, não...
A mulher fecha ainda mais a cara, faz aquele gesto típico “aqui pra vocês, ó!”, e vai embora dizendo palavrão.
Quando ela chega numa distância razoável, os dois começam a gargalhar.
– Cara, eu pensei que ela ia bater na gente!
– Tu é doido, mano!
E é aquela inflação de riso; rolam na areia, de tanto que riem.
– Ih, olha aí!
Não dá tempo de escapar. A gorda e mais duas amigas caem em cima deles e tome tabefe nos playboyzinhos!
Em volta do grupo, os banhistas gritam:
– Bate mais!
– Separa, separa!
– Acaba com eles!
– Valha-me Deus!
– É isso aí!
Em boa hora, a polícia chega junto e – apesar de enérgica – só a muito custo consegue conter os ânimos...
A situação é devidamente esclarecida e os rapazes – assustadíssimos – dão no pé.
Nunca mais serão vistos naquela parte da praia...
Já a gorda valentona se torna bastante popular por ali. Quando ela passa – sozinha ou com as amigas – todos fazem questão de cumprimentá-la.
Todos mesmo, sem exceção:
– Dona Marta é a rainha da praia!
Se agora alguém, porventura, cogita em fazer pilhéria, pode ter certeza de que isso fica bem trancafiado no pensamento...
– Boa tarde, dona Marta. Que dia lindo, hem?

Nenhum comentário: